Olá, seja bem-vindo.
Este blog foi criado no dia 21 de Janeiro de 2010. Será um blog onde apenas publicarei sonetos, nada mais do que sonetos. Espero que os apreciadores deste estilo de poesia me visitem e comentem, façam críticas, para eu melhorar o que tiver de ser melhorado e me alegrar com o que estiver bem feito. Obrigada. FELIPA MONTEVERDE

quarta-feira, 19 de maio de 2010

É tarde e chove

(Soneto continuado...)

I

É tarde e chove.
Tarde na noite, no dia?
Não sei, que o mar não devolve
Pecados que eu cometia.

Águas profundas, sargaços,
Marés de acre odor, breve
Postal em que abraços
Se trocam… e há neve

Sob a pele que me namora
E sinto frio o meu nome
Sinto-te frio por fora…

Sinto saudades do mar
De praias, águas, da fome
Que nunca quis saciar...


II

É tarde e chove.
Tarde na noite, no dia?
Não sei, que já meu sonho se encolhe
Já a lembrança é bravia

E não obedece ao tempo
Em que a quis renascer.
São sonhos? Divagações e lamentos,
O resto… não sei nem quero saber.

Só sei na pele arrepios
Na lembrança desencantos
E águas mil, os pés frios

E a fome vinda do mar.
Sonho e trevas, com seus mantos
A envolverem-me o olhar…


III

É tarde e chove.
Tarde na noite, no dia?
Não sei, quiçá apenas me move
O medo que te esquecia.

Sonhos, tremores, quebrantos
Ó marés, ó águas mil
Por que me abris vossos mantos
E me atraís ao ardil

Em que me negais ventura
Apenas me aproximais
Cada vez mais da negrura

Em que me afundo e desmaio
Quando vos sinto iguais
Aos abismos em que caio?


IV

É tarde e chove.
Na alma, no tempo, no mundo
E só a treva me envolve
Só seu abraço é profundo.

Sonhos e trevas, compassos
De fadas, monges, promessas
Quebradas nestes abraços
De mar e sal. Velórios, essas

Em que me exponho à nudez
Deitada em caixão vazio
À sombra de dois ou três

(Ou até de quatro) mastros
De um assombrado navio
Que se perdeu dos meus braços…

(Felipa Monteverde)

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